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terça-feira, 21 de abril de 2009

Desafios da Internet para o professor

Com a chegada da Internet nos defrontamos com novas possibilidades, desafios e incertezas o processo de ensino-aprendizagem.
Não podemos esperar das redes eletrônicas a solução mágica para modificar profundamente a relação pedagógica, mas vão facilitar como nunca antes a pesquisa individual e grupal, o intercâmbio de professores com professores, de alunos com alunos, de professores com alunos.
A Internet propicia a troca de experiências, de dúvidas, de materiais, as trocas pessoais, tanto de quem está perto como longe geograficamente.
A Internet pode ajudar o professor a preparar melhor a sua aula, a ampliar as formas de lecionar, a modificar o processo de avaliação e de comunicação com o aluno e com os seus colegas.
O professor vai ampliar a forma de preparar a sua aula. Pode ter acesso aos últimos artigos publicados, às notícias mais recentes sobre o tema que vai tratar, pode pedir ajuda a outros colegas - conhecidos e desconhecidos - sobre a melhor maneira de trabalhar aquele assunto com os seus estudantes. Pode ver que materiais -programas, vídeos, exercícios existem. Já é possível copiar imagens, sons, trechos de vídeos. Em pouco tempo o acesso a materiais audiovisuais será muito mais fácil. Tem tanto material disponível, que imediatamente vai aparecer se o professor está atualizado, se preparou realmente a aula (porque os alunos também têm acesso às mesmas informações, bancos de dados, etc).
O grande avanço neste campo da preparação de aula está na possibilidade de consulta a colegas conhecidos e desconhecidos, a especialistas, de perguntar e obter respostas sobre dúvidas, métodos, materiais, estratégias de ensino-aprendizagem. O papel do professor não é o de somente coletar a informação, mas de trabalhá-la, de escolhê-la, confrontando visões, metodologias e resultados.
O professor pode iniciar um assunto em sala de aula sensibilizando, criando impacto, chamando a atenção para novos dados, novos desafios.Depois, convida os alunos a fazerem suas próprias pesquisas, -individualmente e em grupo- e que procurem chegar a suas próprias sínteses. Enquanto os alunos fazem pesquisa, o professor pode ser localizado eletronicamente, para consultas, dúvidas. O professor se transforma num assessor próximo do aluno, mesmo quando não está fisicamente presente. Não interessa se o professor está na escola, em casa, ou viajando. O importante é que ele pode conectar-se com os outros e pode ser localizado, se quiser, em qualquer lugar e em qualquer momento. A aula se converte num espaço real de interação, de troca de resultados, de comparação de fontes, de enriquecimento de perspectivas, de discussão das contradições, de adaptação dos dados à realidade dos alunos. O professor não é o "informador", mas o coordenador do processo de ensino-aprendizagem. Estimula, acompanha a pesquisa, debate os resultados.
Os alunos podem fazer suas pesquisas antes da aula, preparar apresentações -individualmente e em grupo. Podem consultar colegas conhecidos ou desconhecidos, da mesma ou de outras escolas, da mesma cidade, país ou de outro país. Aumentará incrivelmente a interação com outros colegas, pesquisando os mesmos assuntos, trocando resultados, materiais, jornais, vídeos.
A motivação para a prática de línguas estrangeiras e para o aperfeiçoamento da própria se torna muito mais perceptível, porque existe real necessidade de escrever e, nos próximos anos, também de falar na mesma e em outras línguas.
Os programas de tradução nos facilitarão a comunicação com outros países, mas quem domina a língua levará muita vantagem neste intercâmbio.
A Internet será ótima para professores inquietos, atentos a novidades, que desejam atualizar-se, comunicar-se mais. Mas ela será um tormento para o professor que se acostumou a dar aula sempre da mesma forma, que fala o tempo todo na aula, que impõe um único tipo de avaliação. Esse professor provavelmente achará a Internet muito complicada - há demasiada informação disponível - ou, talvez pior, irá procurar roteiros de aula prontos -e já existem muitos - e os copiará literalmente, para aplicá-los mecanicamente na sala de aula.
Esse tipo de professor continuará limitado antes e depois da Internet, só que a sua defasagem se tornará mais perceptível. Quanto mais informação temos disponível, mais complicamos o processo de ensino-aprendizagem.
Quando podíamos escolher um único livro de texto e segui-lo capítulo a capítulo, estava claro o caminho do começo até o fim, tanto para o professor, como para o aluno, para a administração e para a família.
Agora podemos enriquecer extraordinariamente o processo, mas, ao mesmo tempo, o complicamos. Ensinar é orientar, estimular, relacionar, mais que informar. Mas só orienta aquele que conhece, que tem uma boa base teórica e que sabe comunicar-se. O professor vai ter que atualizar-se sem parar, vai precisar abrir-se para as informações que o aluno vai trazer, aprender com o aluno, interagir com ele.
A Internet não é mágica, mas as experiências que venho acompanhando na Universidade de São Paulo e o contato com professores e alunos que utilizam as redes eletrônicas no Brasil e em outros países me mostram possibilidades fascinantes de tornar o ensino e a aprendizagem processos abertos, flexíveis, inovadores, contínuos, que exigem uma excelente formação teórica e comunicacional, para navegar entre tantas e tão desencontradas idéias, visões, teorias, caminhos.
Os alunos estão prontos para a Internet. Quando podem acessá-la, vão longe. O professor vai percebendo que, aos poucos, a Internet está passando de uma palavra da moda a realidade em alguns colégios e nas suas famílias. Nestes próximos anos viveremos a interligação da Internet, com o cabo, com a televisão. Imagem, som, texto e dados se integrarão em um vasto conjunto de possibilidades. Ver-se e ouvir-se à distância se tornará corriqueiro. Pedir a um colega que dê aula comigo, mesmo que esteja em outra cidade ou país, ao vivo, será plenamente viável. As possibilidades da Internet no ensino estão apenas começando.
José Manuel Moran - Diretor Acadêmico da Faculdade Sumaré-SP e especialista em inovações na educação jmmoran@usp.br
E você como tem usado a internet para a construção do conhecimento? Compartilhe suas experiências.










Mãos ao Micro, Professor!

Se você não se dá bem com o computador, descubra o potencial da informática. Se já é usuário, aprenda a fazer da escola um centro irradiador de conhecimento.

Mais um ano vai começar e, com ele, uma necessidade se impõe: usar o computador na escola. Todo mundo já sabe que as novas tecnologias precisam ser incorporadas à educação porque fazem parte do dia-a-dia das pessoas e estão presentes nas mais variadas áreas da sociedade. Porém... Infelizmente, nem todos os professores têm amplo acesso à informática. Na verdade eles podem ser divididos em dois grandes grupos: 1) os que estão familiarizados com os micros, mas não sabem como utilizá-los em sala de aula; e 2) os que nunca chegaram perto da máquina, têm medo, mas não querem (nem podem) ficar para trás. Esta reportagem pretende orientá-lo em ambos os casos.Se você se encontra na primeira situação, desconstruir é a palavra de ordem (ou será de desordem?). "O mundo mudou. As informações, o conhecimento e a produção cultural se dão hoje num sistema de redes, mas a escola continua vertical, parece uma linha de produção ou uma escola shopping center, aonde os alunos vão para consumir conhecimento, não para produzi-lo", avalia Nelson De Luca Pretto, diretor da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (UFBA). A solução? "Desconstruir esse modelo, para dar lugar a uma nova educação."Isso envolve desde mudanças na formação e valorização dos professores até alterações na arquitetura dos prédios escolares, passando pela modernização da gestão e, é claro, pela criação de uma infra-estrutura digital que permita que todos interajam em rede. Assim, a informática como simples recurso pedagógico perde o sentido. "Se for só para dar aulas mais atraentes, não faz diferença ter ou não computadores", afirma Pretto.

IRRADIAR CONHECIMENTO

Para ele, é preciso que alunos e professores extrapolem a função instrumental do computador e passem a irradiar conhecimento através dele. Isso se faz com o emprego de softwares de autoria, a construção de páginas web e, sobretudo, o uso dos chamados softwares freeware (gratuitos), como o GNU/Linux, sistema que pode substituir o Windows e que dá autonomia para professores e alunos programarem o próprio ambiente computacional. E já há um exemplo bem-sucedido a seguir.O governo do Rio Grande do Sul adotou o Linux em toda a esfera pública, incluindo as escolas (saiba mais no site http://www.procergs.rs.gov.br/). Para início de conversa, houve uma economia enorme. Só com licenciamento de software, os gastos do estado caíram de 18 milhões de reais, em 1999, para 150 mil reais em 2001. Na área da educação, foi criado o projeto Rede Escolar Livre (http://www.redeescolarlivre.rs.gov.br/livre.rs.gov.br), que já está em 42 escolas da rede, atingindo cerca de 40 mil alunos.Independentemente dessa questão, é preciso considerar a própria utilização das máquinas. O professor José Armando Valente, especialista em informática educativa, professor da Universidade Estadual de Campinas, propõe a seguinte classificação no texto "Diferentes Usos do Computador na Educação" (a íntegra pode ser lida em upf.tche.br/~carolina/pos/valente.html):. O computador como máquina de ensinar. Opção pouco efetiva, pois os alunos só consomem o que o computador está programado para produzir. Nesta categoria encaixam-se os programas do tipo tutorial, de exercício e prática, jogos e simuladores.. O computador como ferramenta educacional. O estudante desenvolve algo e, portanto, o aprendizado ocorre pelo fato de ele executar uma tarefa usando o computador. Aqui entram processadores de texto, planilhas, banco de dados, programas de construção e manipulação de gráficos, sistemas de autoria e calculadores numéricos. O sistema Logo, que dá autonomia para programar projetos, trabalha nessa linha.Valente observa que a classificação de um software não é simples, pois pode haver aspectos de uma ou outra categoria. Cabe ao professor dosar sua utilização conforme os objetivos.

SEM MEDO DA MÁQUINA

Pois bem, você leu o texto até aqui, mas não entendeu muita coisa, pois sua experiência com computadores é zero. O que fazer? Ingrid, uma garota de 8 anos que participou de uma aula inaugural na UFBA, dá a resposta: "É só futucar". Ela sabe o que diz. Sem nunca ter feito um curso e sem saber falar inglês, ela joga videogame com destreza. Em outras palavras, mãos ao micro!Gastar dinheiro com um curso de informática pode não ser a melhor saída para superar a fobia inicial. "É mais interessante pegar alguém que já conheça informática — possivelmente um de seus alunos — e montar um programa básico para ser trabalhado na escola com professores e estudantes que ainda não sabem mexer no micro. Melhor ainda se essas lições envolverem a resolução de problemas da própria escola", sugere Pretto.Se a dificuldade é ainda mais básica (arrumar dinheiro para adquirir o equipamento), busque apoio da comunidade, fale com pequenos empresários locais e faça campanhas para garantir que sua escola compre um ou mais computadores. O mesmo vale para conseguir acesso à internet. Parceria e apoio são as palavras-chave. Como diz o profesor Pretto: "Mais importante do que a internet estar na escola é a escola estar na internet. Afinal, a informática muda a forma de nos relacionarmos com as coisas da vida."
Fonte: Revista Nova Escola – nº 0173
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